O Instituto Nacional do Câncer divulgou um estudo sobre o registro de casos da doença em todo o Brasil. As formas de câncer encontradas mais comumente em cada região do país. Num país com hábitos tão diferentes de Norte a Sul, os tipos de câncer mais comuns variam de região para região.
Os números foram analisados pelos médicos. E transformados em conselhos que podem ajudar os brasileiros a reduzir os riscos de desenvolver tumores malignos.
O exame mostrou o que Marluce não queria ver: um câncer de mama. Durante dois anos ela ignorou o nódulo que apareceu em um dos seios.
“Minhas irmãs não têm, minha mãe não tem, eu achei que eu nunca ia ter essa doença”, contou a aposentada Marluce Bezerra. Um engano. A genética não é a única causa da doença. Pelo contrário, 90% dos casos de câncer estão relacionados a outros fatores de risco.
E a maioria deles tem a ver com os nossos hábitos. O nosso jeito de levar a vida é a principal explicação para o aparecimento da doença.
No Sudeste, o câncer de mama vai ser o de maior incidência entre as mulheres em 2010. E até a vida reprodutiva influencia.
A primeira gravidez depois dos 30 anos, a menopausa tardia e o uso de anticoncepcionais são alguns dos fatores de risco comprovados. Para se prevenir: atividade física, alimentação saudável e até a amamentação.
“Amamentação é um importante fator de prevenção pras mulheres jovens. Qual é a recomendação, amamentar quantos meses? No mínimo 6 meses”, explicou o coordenador de prevenção do Inca, Cláudio Noronha.
Aos 45 anos, Sandra nunca ouviu falar no exame preventivo de câncer de colo do útero, o papanicolau. “Com esse nome, não conheço, porque meu estudo é muito pouco, e eu nem sabia nem o que era isso”, disse ela.
Ela vive em Belém. A região Norte é a que terá a maior taxa de câncer de colo de útero do país. “Hoje a gente poderia dizer que 80% das mortes por câncer de colo de útero na Região Norte poderiam ser evitadas se os exames fossem feitos e as pessoas com lesão tratadas precocemente”, explicou o médico do Inca.
E no Nordeste, terra do acarajé, da carne seca, do azeite de dendê? “Eu como e depois eu vejo, lá para frente eu me cuido. O importante é comer o que é gostoso”, disse um homem.
A culinária regional, que abusa do sal, pode levar a um câncer de estômago. Mas o maior fator de risco é uma bactéria presente principalmente onde falta saneamento básico, que é o caso de muitas cidades do Nordeste.
E no Rio Grande do Sul, a incidência de câncer de esôfago é duas vezes maior do que no Rio e em São Paulo. O motivo? O bom e velho chimarrão, tradicional na Região Sul.
“A gente toma o chimarrão bem quente para esquentar bem o corpo do gaúcho”, disse um homem. A bebida quente demais pode causar lesões no esôfago.
Mas pra prevenir a doença, não é preciso abrir mão da tradição. “Uma simples medida como no caso dos gaúchos é uma redução de 10ºC na temperatura previne um câncer que não tem solução infelizmente”, especialista em câncer de esôfago, Luiz Felipe Pinto.
Fonte: G1
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