As restrições de Levítico 12 no período pós parto é devido a emissão de secreções. Essa secreção que a mulher emite no pós-parto é chamada de lóquios. São uma secreção vaginal que ocorre após o parto e consistem em uma mistura de sangue, muco e restos de tecido do revestimento uterino que está sendo eliminado à medida que o útero volta ao seu tamanho normal.
A emissão dos lóquios no pós-parto é um fenômeno fisiológico diretamente relacionado às intensas mudanças hormonais que ocorrem no organismo da mulher após o nascimento do bebê. Esse processo está intrinsecamente ligado à involução uterina, ou seja, ao retorno do útero ao seu tamanho e estado anteriores à gestação.
Logo após a expulsão da placenta, há uma queda brusca nos níveis de estrogênio e progesterona, hormônios que foram produzidos em grande quantidade durante a gravidez. Essa queda abrupta cria as condições para que o útero inicie o processo de descamação do endométrio, o revestimento interno que sustentava a placenta. Esse material descamado, misturado a sangue e muco, constitui a secreção conhecida como lóquios.
Um dos principais hormônios envolvidos nesse processo é a ocitocina, produzida pelo hipotálamo e liberada pela neuro-hipófise. A ocitocina tem um papel essencial na estimulação das contrações uterinas, que são fundamentais para expulsar os resíduos uterinos, controlar o sangramento e promover a retração do útero. A amamentação intensifica ainda mais essa ação, pois a sucção do bebê estimula a liberação de ocitocina, o que explica por que muitas mulheres sentem cólicas uterinas mais intensas ao amamentar nos primeiros dias após o parto.
Além disso, a prolactina, hormônio produzido pela adeno-hipófise e responsável pela produção de leite, também está presente nesse contexto. Embora seu papel principal seja a lactação, indiretamente ela contribui para o processo uterino ao reforçar o ciclo da amamentação que estimula a liberação de ocitocina.
Outro componente importante são as prostaglandinas, substâncias produzidas nos tecidos uterinos que também participam das contrações e auxiliam na retração dos vasos sanguíneos, ajudando a reduzir o risco de hemorragias e promovendo a eliminação dos restos do endométrio. Portanto, a eliminação dos lóquios resulta da ação coordenada desses hormônios e substâncias, especialmente após a retirada da placenta. O corpo materno, guiado por essa complexa regulação hormonal, entra em um processo natural de limpeza, cicatrização e regeneração, preparando-se para um novo equilíbrio após a gravidez.
Fases dos lóquios:
1. Lóquios rubros (ou lochia
rubra):
Duração: primeiros 3 a 5 dias.
Aparência: vermelho vivo,
semelhante à menstruação.
Contém: sangue, restos
placentários e muco cervical.
2. Lóquios serosos (lochia
serosa):
Duração: do 5º ao 10º dia.
Aparência: rosado ou acastanhado.
Menos sangue, mais muco.
3. Lóquios albos (lochia alba):
Duração: até a 6ª semana
pós-parto.
Aparência: amarelado ou
esbranquiçado.
Contém leucócitos, células epiteliais e muco.
Embora a medicina atual restrinja o resguardo a 6 semanas ou 40 dias, e isso coincide com o período das parturientes de meninos, Levítico ( O Criador Yahweh) estabelece um período maior para as parturientes de meninas em 12 semanas, ou 90 dias.
A emissão dos lóquios no pós-parto está diretamente relacionada à fisiologia hormonal que regula o retorno do útero ao seu estado pré-gravídico, a chamada involução uterina. A seguir, explico os principais hormônios envolvidos:
1. Ocitocina
Fonte: Produzida no hipotálamo e
liberada pela neuro-hipófise.
Função no pós-parto:
Estimula contrações uterinas, que
ajudam a expulsar os resíduos uterinos (lóquios).
Reduz o sangramento e promove a
involução do útero.
É liberada em resposta à sucção do
bebê durante a amamentação, intensificando as contrações uterinas nesse
período.
2. Queda de estrogênio e
progesterona
Fonte: Placenta (durante a
gravidez).
Mudança no pós-parto:
Com a expulsão da placenta, há uma
queda brusca nesses hormônios.
Essa queda permite que o útero
retome seu processo de cicatrização e regeneração.
Favorece o início da descamação do
endométrio, o que gera os lóquios.
3. Prolactina
Fonte: Adeno-hipófise.
Função:
Estimula a produção de leite.
Indiretamente, contribui para a
involução uterina ao aumentar a liberação de ocitocina durante a amamentação.
4. Prostaglandinas
Fonte: Tecidos uterinos.
Função:
Estimulam contrações uterinas e
participam da expulsão dos restos deciduais.
Ajudam na retração dos vasos sanguíneos, reduzindo o sangramento.
Resumo do processo fisiológico:
A expulsão da placenta → queda de
estrogênio e progesterona.
Isso sinaliza ao corpo que o útero
deve retornar ao seu estado normal.
Prostaglandinas e ocitocina
induzem contrações uterinas.
As contrações e descamação do endométrio resultam na emissão dos lóquios.
Estudos médicos acadêmicos e publicações de revisão em periódicos de alto prestígio, descrevem diferenças na atuação hormonal durante a gestação com base no sexo fetal.
Em 2015, Enninga e colaboradores publicaram no American Journal of Reproductive Immunology um estudo com mulheres primíparas saudáveis, comparando aquelas que carregavam fetos masculinos ou femininos. Eles observaram diferenças significativas nos níveis maternos de citocinas, fatores angiogênicos e alguns hormônios durante a gestação. Mulheres com fetos masculinos apresentaram níveis mais elevados de fatores como PlGF, prolactina, HGF e VEGF‑A em grande parte dos intervalos gestacionais. Por outro lado, aquelas com fetos femininos apresentaram maior expressão de citocinas associadas à resposta imune Th2 (como IL‑5, IL‑9, IL‑17A e IL‑17E/IL‑25). Notavelmente, os níveis maternos de estradiol, progesterona e estrona aumentaram ao longo da gravidez, mas não diferiram entre os sexos fetais.
Uma revisão sistemática e meta-análise publicada no Biology of Sex Differences mostrou que a gestação com feto masculino apresenta maior risco de complicações como pré‑eclâmpsia a termo e diabetes gestacional. Essas diferenças parecem refletir maior exigência metabólica e vascular para a gestante, sugerindo diferenças sexuais no funcionamento da placenta e na modulação hormonal materna durante a gravidez.
Em relação às concentrações hormonais fetais diretas, uma revisão publicada na Reproductive BioMedicine Online descreveu que em amostras de líquido amniótico, mães de fetos femininos tinham níveis mais altos de estradiol em comparação com as que carregavam fetos masculinos. Já fetos masculinos apresentavam níveis mais elevados de testosterona e androstenediona no líquido amniótico — diferenças que, curiosamente, não se refletiam nos hormônios medidos no soro materno. No sangue do cordão umbilical, o estriol era significativamente maior em meninas, enquanto o FSH era maior em meninos; os efeitos sobre testosterona e DHEAS foram mais inconsistentes entre os estudos .
Outros artigos em periódicos revisados mostraram que o metabolismo de hormônios do estresse, como o cortisol, e a expressão de enzimas placentárias (como 11β‑HSD2) também diferem conforme o sexo fetal. Placentas de fetos masculinos podem ter menor atividade dessa enzima, resultando em maior exposição ao cortisol fetal, o que lhes confere maior vulnerabilidade a danos relacionados ao estresse materno.
Além disso, questões como sensibilidade ao cortisol e resposta imunológica também parecem variar entre feto masculino e feminino, refletindo adaptações placentárias sexuais distintas frente ao ambiente gestacional.
Em resumo:
Alguns hormônios maternos, como
estrógenos (estradiol, progesterona, estrona), não apresentam diferença
dependendo do sexo fetal, mas fatores angiogênicos, prolactina e perfis de
citocinas variam significativamente entre gestações com fetos masculinos ou
femininos.
No líquido amniótico, meninas têm
maior estradiol, enquanto meninos têm maior testosterona e androstenediona;
essas diferenças geralmente não são refletidas no soro materno.
As características da placenta
também diferem, afetando o metabolismo do cortisol e a sensibilidade a
condições adversas, variando conforme o sexo do feto.
Essas distinções podem explicar diferenças no risco de complicações obstétricas (como diabetes gestacional ou pré-eclâmpsia) e adaptabilidade metabólica materna, especialmente em gestações masculinas.
A RESTAURAÇÃO DO COLO DO ÚTERO
Há estudos acadêmicos, diversos artigos publicados em periódicos revisados por pares e compêndios médicos que descrevem a recuperação do colo do útero após o parto e o retorno da produção do tampão de secreção cervical (o “cervical mucus plug” ou “tampão mucoso cervical”) como parte da involução uterina e da restauração da barreira protetora contra bactérias.
Assim que o bebê nasce e a placenta é expelida, o colo do útero permanece dilatado e próximo ao canal vaginal. Nesse estágio inicial do puerpério, as secreções cervicais, vaginais e uterinas se misturam formando um muco cervico‑vaginal viscoso que ainda não exerce barreira efetiva contra microrganismos. A produção de muco cervical protetor (o tampão) só é plenamente retomada quando o colo se contrai e o epitélio endocervical se regenera.
Segundo a literatura médica, o puerpério é dividido em fases: fase aguda (primeiras 24 h), fase precoce (até 7 dias) e fase tardia (até 6 semanas ou mais), período durante o qual os órgãos reprodutivos retornam à condição pré‑gravídica. Em particular, o fechamento gradual do colo do útero e a reconstituição da produção de muco cervical ocorre ao longo das primeiras semanas: entre 4 a 6 semanas após o parto, coincidindo com a fase final da emissão dos lóquios .
Quanto aos hormônios e fatores
envolvidos nesse retorno da produção secretória cervical, existem evidências de
que os níveis reduzidos de estrogênios durante a lactação — e o aumento
subsequente conforme os ciclos menstruais retornam — são fundamentais para a
restauração da função glandular endocervical. Embora não haja muitos estudos
específicos sobre o tampão postpartum pós‑amamentação,
sabemos que o estrogênio estimula diretamente a produção de muco cervical com características
propícias à
função de barreira e à fertilidade.
Além disso, o equilíbrio do
microbioma cervico‑vaginal, especialmente a presença
de Lactobacillus crispatus, é essencial
para restaurar um muco cervical funcional e saudável.
A colonização por lactobacilos reforça a espessura do muco, mantém a
glicação sialilada das mucinas e promove um pH ácido, criando um ambiente protetor contra patógenos.
A produção do tampão cervical protetor é restabelecida gradualmente ao longo das primeiras 4 a 6 semanas pós‑parto, coincidente com a involução uterina e a interrupção do fluxo de lóquios. Mas como já vimos, as diferenças hormonais em parturientes de menina, talvez possam exigir um maior período de 90 dias como indicado em Levítico.
O restabelecimento dessa secreção depende sobretudo da regeneração do epitélio endocervical, da normalização dos níveis de estrogênio (reduzidos durante a amamentação inicialmente), e da modulação por progesterona conforme o retorno dos ciclos menstruais.
A microbiota saudável, dominada por Lactobacillus crispatus, também desempenha papel crítico na composição e funcionalidade do muco cervical protetor recém‑reconstituído.
Essas observações baseiam-se em
estudos acadêmicos e revisões científicas sólidas, publicados em periódicos e
plataformas como Human Reproduction, Nature Communications, bases como NCBI e
Sciencedirect. Se desejar, posso buscar referências específicas em livros de
ginecologia e endócrino obstétrica como Williams Obstetrics ou DeCherney’s
Current Diagnosis & Treatment: Obstetrics & Gynecology.